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Outro Lacan - 1° Enlace - A lamela

  • Foto do escritor: Patrícia Mezzomo
    Patrícia Mezzomo
  • 20 de mar.
  • 2 min de leitura

Texto escrito para a Sessão Teórica da Escola de Psicanálise Estrutural - EPE


​​​“A lamela é aquilo que, do organismo, na operação de separação do efeito letal do significante, se segura no sujeito”. “Os animais não possuem corpo algum, apenas organismo”.

Eidelsztein nos apresenta essas duas frases em momentos separados de seu texto e que tomo a liberdade de juntá-las para uma tentativa de entendimento desse insubstancial incorporal do sujeito da psicanálise.

Pois bem, a lamela é então aquilo que, do animal - e aqui está minha modificação - na operação de separação do efeito letal do significante, se segura no sujeito. Se apenas os animais possuem organismo e se a lamela é aquilo que, do organismo se segura no sujeito, poderíamos interpretar que essa superfície bidimensional é algo que sobra, um resto do animal?

E por ser resto de um corte letal, algo que perde seu lugar original, posso pensar nesse resto, que faz equivalência com o objeto a, como um exilado do animal na linguagem?

O texto me trouxe mais perguntas que respostas e não é fácil abrir mão de tentar respondê-las. Talvez seja essa a função de resto, algo que não se encaixa, que não funciona, que não responde, mas que existe, que tem função e que determina.

Como uma superfície bidimensional pode substituir a libido e ser um equivalente do objeto a, simultaneamente, tal como o texto propõe?

Lacan apresenta a lamela como um mito destinado a encarnar a parte faltante. Um mito que opera como sexuado mas só pode participar do furo.

Me ocorre que tentar entender o que “é” a lamela talvez seja a confusão primordial do nosso viés ontológico. E aqui me empresto do próprio Lacan numa tentativa de mudar a rota desse “ser”: “O importante é apreender como o organismo vem a ser apanhado na dialética do sujeito”. 

Isso me parece elementar para capturar a essência do dito em seu ensino. Não importa o organismo, ou seja, o animal em si. Não importa porque não é representável, não está lá como animal mas sim como ausência, como furo, como real. O importante é como esse furo, vem a ser apanhado na dialética do sujeito, ou seja, o que importa é como ele vem a ser dito, falado e participando em sua ausência e não em sua presença. 

Sempre pensei no conceito de objeto a, como um resto de linguagem, algo que caiu da própria linguagem, aquilo que a linguagem não abarcou em si e que fica de fora. Porém,  com a lamela, meu raciocínio segue outra direção e me faço uma última pergunta. Seria o objeto a, não um resto da linguagem mas um resto do animal e que, justamente por ser animal, não entra na linguagem e sobra?

Eidelsztein finaliza seu texto com a pergunta: “Quem admite hoje , entre seus leitores, que a linguagem é o corpo e é o nosso material?”

Já que a linguagem é nosso corpo e não o organismo, já que a linguagem é o nosso material, seria o objeto a, o animal que não cessa de tentar se inscrever na linguagem?

 
 
 

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