Função e campo da fala e da Linguagem - Jacques Lacan
- Patrícia Mezzomo
- 20 de mar.
- 2 min de leitura
Texto escrito para o grupo de leitura intermitente da Escola de Psicanálise Estrutural - EPE
Em seu texto histórico professado em Roma, Lacan, com seu sempre estilo irônico de apontar falhas e fazer denúncias, nos apresenta logo no início, seu objetivo com seu discurso, a saber, renovar os fundamentos da linguagem.
Teriam as regras freudianas, que se estabeleceram pelo mestre de Viena, com o intuito justamente de fazer sobreviver a psicanálise, tornado-se a fonte de sua própria falência? Ou se quisermos sermos mais otimistas, deixado a psicanálise sobrevivendo por aparelhos? Ora, sabemos que desde a morte de Freud, a psicanálise tomou rumos um tanto quanto conflitantes com seu sentido original.
Com a predominante função do imaginário, das relações de objetos e da relevância dada ao ser do analista em sua própria formação e clínica, testemunhamos um afastamento derradeiro das funções simbólicas que poderiam preservar o sentido da obra freudiana.
É no próprio domínio do imaginário que encontramos o engano e por consequência o mestre. Par a par imaginário e doutos seguiram enrijecendo regras, confundindo-as com certezas e penalizando o risco de iniciativas que pudessem trazer a psicanálise de volta “à vida”.
Pois bem, é nessa cruzada que nosso psicanalista da linguagem se engaja, na tentativa, sabemos agora vã, de atualizar dentro do meio psicanalítico, nossa disciplina, não para romper prematuramente, pelo menos não em 1953, com a fenomenologia freudiana, mas sim para estabelecer equivalências com a linguagem atual de disciplinas que só podem trazer benefícios à psicanálise, como a linguística, o estruturalismo e a matemática.
Mas como apontar o furo, a falha do rumo que havíamos tomado, como disciplina, se para isso é necessário sair do campo ou discurso do mestre para o discurso do analista, se a própria geração havia tamponado esse furo com a psicanálise do erro, quero dizer, do ego? Como enxergar o furo da ignorância se a tamponamos com um saber equivocado, que impede questionamentos e impede a dialética, se conformando a abordagens imaginárias que só servem a manutenção de seus próprios sintomas?
Se olharmos a história, veremos que as resistências tiveram seu êxito na manutenção dos sintomas de toda uma geração de analistas, e foi necessário o corte, a ruptura, a escansão para que ato lacaniano pudesse renovar a psicanálise. Se o ato faz retroagir, a retroação nos leva à renovação da fala. A cura pela fala agora se renova em inconsciente estruturado como linguagem. Seria a fala o S1 da psicanálise?
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